sexta-feira, 2 de julho de 2010



Quando Nelson Rodrigues conseguiu encenar sua segunda peça, Vestido de Noiva, em 1943, a crítica reconheceria na obra um marco do teatro brasileiro moderno. A veia literária de Nelson, também cronista e contista, encontrou nesse drama a expressão de uma profunda capacidade de investigação psicológica.

Essa primeira montagem coube ao diretor polonês Zbigniew Ziembinski (1908-1978), e o seu sucesso foi imediato. Nelson Rodrigues chegou a ser saudado como o novo inventor do teatro brasileiro. De fato, o autor provocava um choque na produção teatral brasileira do período. As qualidades do texto impressionam: a fluência e o coloquialismo da fala dos personagens, o jogo com as noções de tempo e espaço, a verossimilhança da história aparentemente incomum, a composição dos ambientes, o grotesco para ferir os ideais de bom gosto.

Sábato Magaldi, crítico de teatro e amigo do dramaturgo, dividiu a obra de Nelson em três categorias: peças psicológicas, peças míticas e tragédias cariocas. É nessa primeira que Vestido de Noiva se insere. Para o diretor Luiz Arthur Nunes, profundo conhecedor do repertório rodriguiano, Nelson usa cacoetes do melodrama para traçar uma visão irônica sobre o temperamento carioca. Este uso do melodrama confunde-se, nesta peça, com naturalismo. Para ele, o que surpreende é a baixeza moral das personagens, motivadas por razões egoístas e perversas. O naturalismo estaria em alguns ingredientes que o dramaturgo explora para espantar o gosto médio, como a personagem cheia de varizes. O choque e o estranhamento são elementos freqüentes em toda a obra de Nelson Rodrigues.

Por esta importância como marco do nascimento do moderno teatro brasileiro, o Clube de Leitura apresenta Vestido de Noiva, segundo texto do escritor Nelson Rodrigues.

Nenhum comentário: